sexta-feira, 3 de março de 2017

Desprezível.


O descaso sempre esteve estampado em minha testa.
Não importava se eram flores ou xingamentos, nada parecia me atingir.
Não, isso não mudou.
O garoto tão errado que parecia certo também não significava nada.
Meu antigo amor marcado à ferro também.
Porque nada me atingia como deveria.

Por muito tempo me escondi na penumbra de meu quarto enquanto chorava,
Chorava por mim mesma, não entendia porque não sentia o que deveria sentir.
Nada era capaz de acalentar à mim.
Nada, nem ninguém.
Tão oca, tão nada.
Basicamente, esta sou eu.

Sempre mantive minha fachada de vítima, 
Mas não sou uma vítima.
Não sou uma coitada.
Não deveriam me fitar com olhares penosos pensando que merecia encontrar alguém,
Simplesmente porque minha maior diversão sempre foi brincar com sentimentos alheios.
Não deveriam me achar bondosa por me arriscar pelos outros,
Simplesmente porque não faço com bondade e sim para que pensem "Uau, ela é incrível".
Não deveriam dizer que sou uma garotinha amável,
Primeiro, porque não amo ninguém.
Segundo, porque sou desprezível.

Os elogios me contentaram por certo tempo.
Mas aquilo não era suficiente. 
E então vieram minhas conquistas, quanto mais difícil melhor, quanto mais conseguisse brincar melhor.
Mas quando se declaravam tudo perdia a graça, meus brinquedos já não eram divertido.
Por fim, manipular. Era divertido manipular as situações e vê-las saírem exatamente do jeito que queria.
Era divertido controlar as pessoas. 
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